Nunca Te Pedi Nada: Maíra Medeiros

A youtuber e influencer mais colorida do brasil aceitou dar uma entrevista exclusiva para a Revista 4 Estações. Maíra Medeiros aborda histórias de vida, aceitação, girl power e empoderamento no seu canal “Nunca te pedi nada”, que tem atualmente dois milhões de inscritos no seu canal do YouTube, e mais de 760 mil seguidores no Instagram.
Ela participa, ao lado de Edu e Fih (Diva Depressão), o canal Filhos da Grávida de Taubaté, e também é jurada do programa Corrida das Blogueiras com a Blogueirinha e Lorelay Fox. O sucesso como influencer vem de muito conteúdo interativo, dinâmico e informação que ela repassa para os seguidores. Uma de suas maiores marcas na sua imagem é o cabelo colorido, que envolve todo um trabalho do salão Novo Arte, que há muitos anos cuida dos cabelos da youtuber com muito carinho.
Revista 4 Estações: Quando começou seu trabalho com os vídeos do YouTube, você esperava se tornar um nome tão conhecido e grande no Brasil?

Maíra Medeiros: Não imaginava de forma alguma, comecei como muitas pessoas começam a criar conteúdo na internet, só para compartilhar alguns pensamentos e questionamentos. Quando me perguntam o que eu fiz, ou quando me pedem dicas, eu fico sem muita ação, porque meu conteúdo sempre foi bastante orgânico, basicamente eu falo aquilo que falaria com um amigo numa mesa de bar ou numa reunião de amigos!

Revista 4 Estações: Você fala bastante sobre empoderamento nos seus vídeos. Teve alguma referência forte na vida que te faz ser a pessoa que é hoje, decidida e empoderada?

MM: Não tive uma pessoa apenas como referência que consigo trazer aqui pra resposta, eu me inspiro muito em mulheres a minha volta, gosto de ouvir histórias, vivências e entender como ser mulher se aplica de maneira diferente porque somos não somos iguais. Se for para citar um nome, digo Marielle Franco porque ela teve uma história incrível e infelizmente sua voz, que alcançaria muitas pessoas ainda, foi covardemente silenciada.

Revista 4 Estações: Em março, você lançou o livro Este Livro É Coisa De Mulher, que tem uma pauta muito importante a ser ouvida. Você pretende fazer novos lançamentos?

MM: Escrever um livro é difícil, em especial quando você nunca escreveu um antes e, ainda mais no meu caso, que eu falei sobre questionamentos que tive na minha vida que me levaram a entender melhor o papel da mulher na sociedade (e isso significa ver que estamos em desvantagem). Tive que revisitar muitas encarnações e paranoias que tive no passado e que hoje eu vejo como me atrapalharam na minha trajetória. Isso também foi um dificultador do processo, por isso não consigo responder se eu vou fazer alguma outra publicação sobre isso e nem quando (risos). Eu espero que sim, porque é uma sensação única pegar o livro finalizado que você escreveu!

Revista 4 Estações: Realizamos uma entrevista com o Raul e o Rodrigo Bo, do Novo Arte, e queríamos saber de você como é seu cuidado com os cabelos coloridos? É um trabalho diário?

MM: Conheci o Novo Arte quando duas amigas pintavam o cabelo lá e eu fui um dia conhecer! Daí virou praticamente a minha casa (risos)! É um cuidado necessário, né? Você sente quando você não tá dando atenção suficiente pro cabelo que é quimicamente tratado. Não precisa ser necessariamente diário, mas tem que ter atenção. Descoloração é uma química forte para os fios e se você não tomar cuidado no antes, durante e no depois, possivelmente seu cabelo vai sofrer. Não faço a mínima ideia, pra falar a verdade, de quantas vezes mudei a cor do meu cabelo! (risos). Claro que tive corte químico, quem nunca pintou o cabelo sozinha e fez um vacilo que custou os fios? Eu tive sorte, pois, na época, eu ia casar e pude comprar um alongamento. Não fiquei muito triste porque sei que esse é um risco de descolorir um cabelo escuro como o meu e serviu de lição para saber os limites do meu fio.

Revista 4 Estações: Você já sofreu por causa da cor do cabelo?

MM: Acho preconceito uma palavra muito forte, até porque ter um cabelo fora do que a sociedade vê como padrão foi uma escolha minha, não nasci de cabelo rosa (infelizmente), então, quando eu pintei o cabelo, eu sabia que iam olhar torto, questionar e apontar o dedo. Porque é isso o que as pessoas fazem, apontar o dedo e olhar torto pro que é diferente do que elas consideram normal e daí vem a série de “preconceitos” de pessoas que julgam quem tem cabelo colorido como alguém que faz isso pra chamar a atenção e não porque gosta, que a pessoa não trabalha, que a pessoa não é madura suficiente e etc. As maiores críticas atuais são referentes a minha idade — porque, aparentemente, as pessoas possuem um manual com o que se deve fazer baseado na sua faixa etária e eu felizmente não recebi esse manual (risos), mas, basicamente, as pessoas usam meu cabelo colorido pra tentar invalidar algumas coisas que eu falo.

Revista 4 Estações: Quando você percebeu que os cabelos coloridos tinham virado uma marca?

MM: Quando achei fotos minhas no Pinterest e buscava referências para um futuro cabelo. Mas a real era que eu estava vendo o meu cabelo como referência para outras pessoas, eu também ficava impactada quando me contavam que alguém tinha ido no Novo Arte com a minha foto na mão pedindo um cabelo parecido com o meu. Para finalizar, se você usa Instagram, siga pessoas diferentes e que tragam conteúdos legais! Procure seguir criadores com deficiência, indígenas, pretos, gordos, LGBTQIAP+, viver servindo um padrão é cruel demais e, se ninguém der visibilidade pro que é “diferente”, nada vai mudar. A mudança começa pelo indivíduo, mas muda o coletivo.

Se você gosta de vídeos sobre assuntos sérios, mas com uma abordagem bem dinâmica e criativa, siga a Maira nas redes sociais e se inscreva no seu canal do Youtube.
Instagram: @mairamedeiros_
Youtube: Nunca te pedi nada

Por Matheus G.

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