Mudar. Como é difícil mudar. Exige uma considerável carga de coragem, sair das rotinas, do que está estabelecido, do que está dando certo. Por isso é preciso ter coragem. 

Estive sócio da Saint Germain por 22 anos, uma empresa de panificação super respeitada em Curitiba ainda hoje por seus produtos de qualidade. Mas, durante uma viagem minha para a Itália, em setembro de 2019, tive a possibilidade de entrar no Convento das Clarissas, sendo permitido entrar somente até onde Clara de Assis rezava originalmente no ano de 1200. Eu estava dentro da pequenina sala feita em pedra, pequenina capela onde ela falava com Deus, onde certamente seus sonhos de menina rica se formaram para se tornar uma das maiores mulheres da história, optando pela pobreza e por ser a confidente de São Francisco de Assis, que, segundo a história, não fazia nada sem antes ouvi-la. Clara fundou a Ordem das Clarissas. É a padroeira do Padeiros. 

Visitar Assis na Itália é sempre uma experiência mágica, nos remete realmente ao período medieval, pois a cidade conserva muito ainda de suas estreitas ruas, descidas e subidas acentuadas que dificultavam os ataques dos inimigos na hora das invasões.

Os guias turísticos sempre dizem que, para conhecer Assis, basta meio período para visitá-la. Digo que devem permanecer ao menos duas ou três noites, para conhecer suas ruas cheias de história, que parecem cartões postais e são de uma singeleza adorável. Seus restaurantes contam com comida muito boa e ver o vale da janela do hotel à noite é muito emocionante. Pode-se ver as crianças indo para a escola ou os moradores indo para a missa na Igreja de Santa Clara às 6h50 da manhã para escutar as irmãs Clarissas ecoarem seus hinos maravilhosos sem poderem serem vistas, como Clara deveria fazer com suas noviças na época. 

A missa é rezada pelos padres com o altar virado para elas sem que tenhamos acesso a vê-las, com uma enorme porta pantográfica fechada a cadeado dividindo os ambientes. É só fechar os olhos e aproveitar o momento de encontro com Deus nas vozes das freiras em coro, que preenchem toda a Capela.

Quando estive em Assis, na primavera de 2019, senti minha alma preenchida por uma graça indescritível. A irmã, subindo uma escada, já moderna, dentro da antiga casa de Clara, me levou a uma porta de ferro muito pesada, que abriu com dificuldade, e então ela me disse em italiano: “São Francisco estava aqui quando Clara fugiu com ele”. Eu sem conseguir falar algo de tanta emoção, pensei: “Voltarei ao Brasil e mudarei o nome de meu estabelecimento em homenagem à Clara”. Assim nasceu a Saint Claire.

Por Heitor Cortes